Uma reflexão sobre as novidades
Vamos retroceder um pouco em nossa história para uma provocação sobre os rumos da educação, a importância e participação da escola na formação das crianças, desde sempre.
Nos caminhos percorridos pela humanidade muitos foram aqueles que, em pleno exercício de suas liberdades intelectuais, nos apresentaram inovações que de alguma forma transformaram o mundo. Desde as mais rudimentares como a roda e o fogo, até as mais complexas como as atuais viagens ao espaço.
Passa também pelos antigos navegadores que com sua ousadia e coragem ampliaram nossos mapas com as descobertas de lugares ainda desconhecidos. Com o que fizeram, o mundo ficou ainda maior, não apenas no aspecto geográfico, mas no campo humano também.
O encontro dos povos e suas diversidades culturais e todas as reações que isso nos trouxe, em que pese algumas delas não tenham sido carregadas de muita hospitalidade, o resultado posterior desta miscigenação cultural é bastante positivo.
E onde especificamente desejamos chegar? Será que a exploração exercida pela humanidade ao longo dos anos ainda encontra espaço para seguir? Pois é possível que o melhor ainda esteja por vir.
O saber aquilo que já sabemos
Muito ainda debatemos com profundidade sobre as formas de aquisição de conhecimento. As modalidades afetivas de conduzir as infâncias e dar-lhes a necessária e, por que não dizer, obrigatória escuta.
Registrar de forma abrangente e completa o desenvolvimento de cada uma delas, observar, refletir e interceder com os olhos e os braços abertos, tudo a favorecer a construção robusta de seus saberes.
Localizar, com a atenção que se espera de um educador preparado, as potencialidades de cada indivíduo, e utilizá-las em seu favor, bem como suas dificuldades, para aproximar-se de forma afetiva e eficaz para minimizá-las.
Tudo isso para que ela se conduza pelos caminhos daquilo que todos já sabemos. Apesar de ser absolutamente legítimo, podemos estar deixando para trás um rico universo que se esconde nos inéditos, nas criações e no tino artístico que cada criança carrega em si, e não encontra seu espaço de expressão.
Explorando melhor o assunto
Como tema para reflexão, quem sabe devemos focar muito mais no explorar do que propriamente no assunto. Tudo o que há de melhor no mundo passa necessariamente por um espaço que permita exploração. Isso vale para os navegadores e seus oceanos, os cientistas e suas químicas, os astronautas e suas naves.
Em nosso mundo adulto estamos, de alguma forma, autorizados à exploração. Quando estimulados pela vontade encontramos espaço para uma caminhada por novas trilhas, uma viagem a lugares ímpares, um prato típico de regiões remotas. Quando pela necessidade, um novo fármaco para uma enfermidade recente ou um metal mais adequado para nossas baterias. Permissões.
Mas o que falar da riqueza de nossas crianças e de suas capacidades infinitas de criação? O quanto temos ofertado para que elas construam suas próprias histórias, a partir das ferramentas disponíveis, ou daquelas que eles mesmos têm o poder de imaginar? Temos permitido?
Aos exploradores, o mundo
Se falamos em escola democrática e afetiva e de uma proposta de educação que entrega à criança o protagonismo de suas aprendizagens, é preciso também que estejamos atentos ao quanto estamos permitindo a elas que exerçam suas explorações.
E não se trata de entregar a elas uma nau à beira de um oceano para que naveguem rumo ao desconhecido. Estamos falando especificamente em permitir que explorem seus interesses de forma autônoma. Desde as pequenas explorações de sua própria habilidade corporal, que lhe vão favorecer o equilíbrio, até as artísticas que vão fortalecer suas emoções.
“Sua missão é documentar e observar o mundo à sua volta como se o estivesse vendo pela primeira vez.”
Esta é uma frase da artista canadense KERI SMITH, que tem seus olhos atentos à necessidade de sermos exploradores até mesmo dos espaços que habitamos cotidianamentecomo forma de exercitar nossas capacidades de observação e criação a partir do que já está criado.
Um dos exercícios que ela convida em suas obras, é o de observar os elementos à sua volta que você não havia percebido no momento em que chegou. É uma oportunidade de olhar o mundo não com outros olhos, mas com outra perspectiva e um novo foco.
As crianças também carecem destas oportunidades de observar e interagir no mundo ao seu redor a partir de seus próprios olhares. Exercitar suas capacidades de prosseguir suas viagens guiados por suas próprias mãos. Os movimentos artísticos são excelentes ferramentas para esta exploração.
Este tema está contemplado no livro deste mês do clube de assinatura para professores: DIÁLOGOS EMBALADOS. As mais pequenas coisas: Exploração como experiência educativa, de autoria de Monica Guerra e editado por Pedro e João é uma leitura quase obrigatória para aqueles que desejam explorar as belezas da exploração.
Clique aqui e adquira o plano de assinatura que melhor atenda suas expectativas.
Para quem acredita que existe um universo rico e ainda inexplorado dentro de cada criança, dentro de cada um de nós e nos caminhos tão amplos que percorremos todos neste vasto mundo da educação.
Vamos explorá-los?