É tempo de construir sua lista de materiais?

Já se deu conta de que estamos nos aproximando dos últimos dois meses do ano? É possível que os pensamentos já estejam começando a se conectar com as férias. É justo e merecido, entretanto, novembro é o mês de construir as listas de materiais para o próximo ano letivo.

Separamos abaixo algumas dicas que podem colaborar em suas reflexões sobre os materiais a serem escolhidos, mas antes queremos que você faça um passeio pelos armários e exercite alguns pensamentos: 

  1. Das escolhas que você fez no corrente ano, qual material se mostrou mais interessante para as crianças?
  2. Dentre eles, qual você identifica que tenha feito mais sentido, a partir de suas intencionalidades?
  3. Agora o mais reflexivo: existe uma relação direta entre os interesses das crianças e as suas intencionalidades?

Estes questionamentos são extremamente importantes na construção ou reconstrução de nossas listas de materiais, especialmente porque elas carregam a necessidade de fazer sentido com as ações propostas e consequentemente com as intenções pedagógicas desejadas.

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Feito isso, temos algumas sugestões de materiais que podem ajudar nesta aproximação tão desejada entre o interesse das crianças e as provocações intencionais dos educadores. Bora?

1-ARGILA

A argila desempenha papel importante nas sensações e descobertas táteis. Sua maleabilidade e consistência promovem o desenvolvimento motor fino, além de permitir a exploração da criatividade e concentração quando é capaz de adquirir as formas vindas da imaginação.

Em especial para as crianças que, por algum motivo, apresentem incômodos sensoriais. O toque suave e a temperatura fresca da argila podem colaborar no trabalho de inserção de outros elementos.  

2- MADEIRA

Assim como a argila, a madeira é um elemento natural e apresenta uma infinidade de possibilidades. Aqui podemos incluir desde os blocos de montagem (estruturados) até os galhos ou pequenos gravetos “in natura” (não estruturados).

Em ambos os casos é possível promover um estímulo criativo quando a criança experimenta tanto a montagem disponível nos blocos quanto às possibilidades infinitas encontradas nas peças brutas.

3- PAPÉIS DIVERSOS

Possivelmente o elemento que apresente a maior variedade de possibilidades. O papel tem enorme participação nos processos de aprendizagem desde os anos iniciais e se prolonga no tempo.

Quando pensamos nos papéis nos remetemos imediatamente às qualidades de suporte onde as crianças podem exercitar suas habilidades motoras em pleno refinamento.

Não apenas como suporte para os riscadores, os papéis podem ser utilizados em recortes, colagens, decalques, esculturas e etc., além também das questões sensoriais a partir da enorme quantidade de variações de textura, formatos e cores.  

4- OS RISCADORES 

Aqui a gama de variedades é bastante grande. Vale observar muito atentamente as habilidades que se pretende sejam trabalhadas bem como as individualidades de cada criança. Nunca é demais lembrar que a atuação do educador deve ser, o máximo possível, atenta a cada criança, utilizando-se daquilo que a favoreça em suas habilidades e colabore em suas dificuldades.

Importante lembrar que os riscadores não devem ser escolhidos aleatoriamente. Observada a intenção mencionada acima, é conveniente que eles tenham relação direta com os suportes escolhidos. 

5- ELEMENTOS DA NATUREZA

A mais rica e importante fonte de elementos para compor os materiais de experimento pedagógico é a própria natureza. Não apenas pela variedade de oferta, mas muito especialmente pela qualidade também.

Pedras, terra, plantas, folhas, gravetos, areia são apenas alguns exemplos. Ainda que não seja daqueles que se possa exigir dos pais a “compra” nas lojas especializadas, é muito valioso estarmos todos atentos na disponibilização deles em nossas escolas.

A construção, sempre que possível, de ambientes naturais podem prover também de forma natural a coleta destes materiais. A própria presença das pequenas e importantes vidas é muito bem-vinda. Formigas, Joaninhas, Grilos, e todas as outras que se possa ao menos observar, cumprem importante papel nas investigações, nas desejadas interações com a natureza, e o exercício de nossa ancestralidade.

6- OBJETOS COTIDIANOS

Outra bela fonte de materiais é a nossa própria vida e nosso cotidiano. Estamos a falar das coisas simples como caixas de papelão, utensílios de cozinha, equipamentos eletrônicos já sem funcionamento, retalhos de tecidos, e uma lista sem fim.

Da mesma forma eles se transformam passando de objetos inúteis a ferramentas pedagógicas a partir do momento em que os olhos atentos dos educadores recaem sobre eles. Desta forma, fica claro que tudo aquilo que for identificado como funcional, tendo passado pela curadoria do professor que analisará não apenas os aspectos de aprendizagem, mas também os de segurança, estará pronto para sair da lixeira e  prolongar sua história.

7- MATERIAL HUMANO

Aqui, é claro, utilizamos uma licença poética para apresentar mais uma reflexão acerca das nossas listas de materiais. Não basta que apresentemos uma longa, extensa e completa lista de “coisas” a serem solicitadas.

Depois de olhar para os seus armários conforme sugerimos, olhe também para seus arquivos internos. Tire o pó acumulado sobre suas convicções e renove sempre suas inquietudes. Ouça as perguntas que nascem da curiosidade da criança e da sua própria também.

Aproveite para descartar aquelas velhas práticas nas quais você não consegue encaixar nenhuma intenção. Elas são como as canetinhas ressecadas. Podemos enxergar suas cores pela tampa, mas internamente já estão esvaziadas. Ora, livre-se delas.

O frescor de suas cabeças há de refletir em suas ações, suas intenções e suas entregas diárias. Elabore sua lista com o mesmo amor que você sente quando se depara com cada passo dado por suas crianças. Entregue sentidos em suas escolhas.

E esteja sempre pronto e  aberto para o novo, o surpreendente e o inédito. Porque a infância pode encontrar muita riqueza nas jazidas de insignificâncias a que não damos olhos.

Capriche!!!