Como aproveitar esse momento para construir um vínculo de confiança com as crianças e famílias?

Aproximadamente um mês após comemorarmos com entusiasmo a chegada do ano novo, as escolas e seus educadores também se preparam  com alegria para a chegada do novo ano letivo portanto, para receberem as crianças e as famílias. 

Embora para muitos educadores a situação já seja conhecida, sabemos que cada ano é singular. Trata-se sempre de uma nova experiência que deve ser preparada com rigor, pois o acolhimento pressupõe estabelecer relações.

As relações que começam a se estabelecer entre os adultos e entre os adultos e as crianças são permeadas por gestos, olhares, tom de voz, toques e expressões corporais.
É como se a sensibilidade estivesse potencializada e todos os sinais fossem captados. 

Nesse cenário o educador ganha destaque pois é a referência para as famílias e crianças na passagem da esfera privada, da casa, para esfera pública, da escola. Para as crianças é a oportunidade de fazer parte de um grupo e viver as idiossincrasias das relações.

Muitas vezes elas têm pouca convivência no coletivo e isso necessita de aprendizado.
Nessa complexidade incluímos as famílias que costumam imaginar que suas expectativas serão prontamente atendidas. Enfim, um desafio enorme.
Mas calma! Há como nos prepararmos para esse período a fim de torná-lo mais tranquilo.

Começamos destacando aspectos que ajudam a criança a se sentir acolhida:

 

⦁ Ser chamada pelo nome;

⦁ Ser recebida com gestos de acolhimento. Não é preciso abraçar e beijar a criança mas abaixar-se, na altura dela, de modo que ela fique à vontade para se aproximar do educador;

⦁ Dirigir-se a ela com atenção e escuta ativa para sua fala, gestos, choro, expressões corporais e silêncios;

⦁ Quando possível, conhecer antes algumas de suas preferências em relação às brincadeiras, brinquedos, passeios etc.

⦁ Entender que o choro é uma manifestação da criança e não impedi-la de chorar.

⦁ Explicar onde estará o acompanhante e orientá-lo para que não desapareça sem falar com a criança.

Enfim, situações simples e cotidianas como estas ajudam o acolhimento e a  construir o vínculo de confiança entre o educador, a criança e a família. 

Destacamos outros trabalhos que devem ser feitos com o mesmo rigor: a formação do grupo e preparação do espaço.
Nada melhor que o sentimento de pertencimento para querer voltar à escola no dia seguinte.

Esse sentimento pode ser construído cotidianamente na roda de conversa. Quando todos têm a oportunidade de se olharem, de ouvir uns aos outros, de aprenderem seus nomes e de sentarem juntos, o vínculo começa a ser construído entre eles.
O educador deve dar atenção a cada um comentando sobre uma brincadeira que fizeram no dia anterior, convidando-a para contar uma história que goste ou cantar sua música favorita. Dessa forma cada criança terá um momento para falar ou simplesmente para acompanhar a conversa, caso prefira.  

Em relação à preparação do espaço é importante destacar que este pode assumir o papel de um outro educador. Quando o espaço é intencionalmente preparado pelos educadores, com materiais que as crianças têm acesso, elas se sentirão convidadas a brincar.
Nesse sentido o espaço pode ser um educador que também acolhe as brincadeiras.
Crie cenários que ajudem a interação entre as crianças e que proponha desafios, perguntas e investigações. Pense em situações que as surpreendam seja pelo visual, pelo aroma, pelo som ou luminosidade. O inusitado gera curiosidade. Explore diferentes linguagens.

Se possível, fotografe as crianças nesses cenários e exponha em um mural que as famílias tenham acesso. Ofereça fotos nas quais as crianças estejam brincando com outros colegas de modo que levem para casa e contem o que aconteceu na escola.
Exponha fotos das brincadeiras para as crianças, na altura em que possam olhar de perto e ouça os comentários que elas farão.

Para finalizar, o acolhimento no dicionário Aurélio: 

“recepção; atenção, consideração; refúgio, abrigo, agasalho”. 

“Acolher tem a ver com a atitude de aceitação e hospitalidade que podemos ter frente ao outro. Portanto, não é necessariamente um processo natural, porém algo a ser construído por todos os que atuam no sistema escolar (professores, alunos, funcionários, pais). 

Para tanto, muito mais do que discursos, precisamos de práticas – atitudes coerentes e convincentes – que atinjam mais as emoções e o caráter do que o intelecto.“  (Eloiza Schumacher Corrêa).