Bond of Union, 1956 – M.C. Escher

O assunto é a bola da vez em todos os lugares: aplicativos que escrevem textos, editam e tratam imagens, criam projetos arquitetônicos, soluções para empresas e pessoas. Na escola, elaboram planilhas, ementas, dão ideias de temas a serem trabalhados, brincadeiras e um emaranhado de coisas. Foi chamada de inteligência, mas artificial. Causa deslumbre e também medo em muitas pessoas. Afinal de contas, será que ela pode substituir a complexidade humana?

A Inteligência Artificial (IA) tem se tornado cada vez mais presente em diversas áreas da sociedade, e a educação não é exceção. A promessa de soluções mais eficientes e personalizadas para o ensino tem atraído a atenção de educadores, mas nem todos estão convencidos de que a IA seja realmente a resposta para todos os desafios educacionais. O neurocientista Miguel Nicolelis é um dos críticos da ideia de que a IA seja sinônimo de inteligência. Como em um filme futurista dominado por robôs, muito se especula sobre a substituição da força humana pelas máquinas. Mas a realidade não é tão imediatista assim.

Nicolelis mostra que  a inteligência é resultado de milhões de anos de evolução biológica, um processo complexo que não pode ser reduzido a algoritmos binários. Em uma entrevista recente, ele afirmou que a IA funciona como uma ferramenta de marketing, criando desigualdades na relação entre empregador e força de trabalho. A tecnologia, segundo ele, não é nem inteligente nem artificial; é uma criação humana, natural, e não possui a capacidade de generalizar sua inteligência como os seres humanos, não é capaz de criar espontaneidade nem sensações.

Intuição, criatividade, senso estético e definições de beleza não podem ser reduzidos a fórmulas matemáticas, e essa complexidade é o que torna a inteligência humana única. A ideia de substituir o trabalho humano por máquinas pode levar a uma maior desigualdade social e a problemas éticos. Ele destaca a importância de usar a IA com supervisão humana, reconhecendo suas limitações e potenciais riscos.

Para educadores que buscam incorporar a IA na escola, é importante refletir sobre as limitações dessa tecnologia e considerar que ela é uma ferramenta e não um substituto para o papel do educador. A IA pode ser útil para auxiliar na personalização do ensino, mas é essencial lembrar que a complexidade do processo educacional vai além de respostas rápidas e eficientes.

A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa que deve ser usada com responsabilidade e sabedoria. Os educadores têm um papel crucial na definição do caminho a seguir, garantindo que a IA na educação seja uma aliada no desenvolvimento de indivíduos mais capacitados e conscientes, sem perder de vista a importância do papel humano na formação integral dos alunos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *