O mês é novembro. Na Escola de Educação Infantil é época de ensaios, portfólios, pareceres descritivos, passeios, despedidas, reflexões, professores atarefados e crianças buscando viver a inteireza de seus movimentos, de suas relações com os pares, de seus encantos pelo o que encontram pelo caminho.

Na escola de Educação Infantil, há crianças tentando mostrar que cresceram, que tem voz, que aprenderam muito durante o ano. Que já alcançam na torneira do banheiro e na mesa da professora. Que já conhecem o caminho da cozinha e o nome da pessoa que prepara aquele feijão bem gostoso que ela nem sequer experimentava naquele período em que sentia falta de casa.

O mês é novembro e na Escola tem um movimento mais intenso. Tem adulto pensando em festa, decoração, reunião, registros e chamadas. Tem criança falando, andando e se desenvolvendo naturalmente e fazendo muitas descobertas. Umas já não precisam mais de auxílio para servir seu almoço, outras continuam com muito sono na chegada. Tem criança colocando os calçados sozinha e oferecendo ajuda ao outro. Outras utilizando a tesoura e fazendo as primeiras tentativas de abrir e fechar a mão enquanto seguram o papel. Quanto esforço, quantas conexões, relações e processos para essas descobertas. Tão pequenos, tão intensos, tão potentes. Tantas infâncias, tantas culturas, tantas experiências.

Tem criança cantando, subindo, escorregando e contando histórias. Tem bebês balbuciando, rolando, engatinhando, fazendo tentativas para ficar em pé.

Tem crianças. Infâncias. Processos. Cem linguagens.

Final do ano. Quantos desafios as crianças encontraram em um ambiente coletivo, sem a família, sem seus brinquedos.

Despedidas. Saudade.

As idas até a sala do colega para devolver os livros emprestados, não era só uma ida. Pelo caminho havia uma carreirinha de formigas, uma sacolinha voando e um amigo passando para ir ao banheiro.

Foi preciso esforço, memória, associações, até o retorno pra sala.

Tão pequenas, tão singulares e ao mesmo tempo, todas crianças. São quase 200 dias que essas mãos pensantes, constroem, lançam, puxam, rasgam, pegam e soltam. São as aprendizagens passando pelo corpo. Em 10 horas diárias, tanto afeto pelas professoras que em meio ao cotidiano percebem uma febre, um olhar caído em um corpo tão pequeno, tão frágil e tão potente, tão incrível.

O mês é novembro e são quase 200 dias de presença, de colo, de afeto e de atenção. Quantos encantos vividos. Quantos medos, desafios, enfrentamentos em um espaço coletivo.

Já é quase dezembro e as crianças continuam a se encantar com os pássaros, com os aviões, com as folhas que caem, com vento que leva o papel, com a gargalhada do outro. Para elas o dia amanheceu e é tempo de brincar, de descobrir, de construir e se relacionar. Para nós, é tempo de acompanhar, escutar, proteger, proporcionar, acolher e brincar. Além de todos os outros desafios, para nós também é tempo de se maravilhar!

Sejamos leves como as crianças, para que como elas, possamos nos encantar com o dia, com o simples, com a VIDA!!

Siméia Goularte atua como Professora de Educação Infantil na Instituição Evangélica de Novo Hamburgo- RS, Unidade EMEI Peixinho Dourado. Também trabalha com formação de Professores. Graduada em Pedagogia e Pós-graduanda no curso de Docência do Ensino Superior, Pós-Graduanda em Administração Escolar, Supervisão e Orientação. Criadora da Página “Registros de uma Professora – Siméia Goularte”.