Será mesmo necessário que haja uma integração entre a escola e as famílias dos estudantes? Em que ponto esta relação deve ser fortalecida? Será que as famílias estão preparadas para se aproximar dos cotidianos escolares, incluindo os desafios administrativos que se apresentam?

Este artigo é uma provocação para que o assunto seja trazido à luz, promover um debate e, quem sabe, contribuir nas relações de quem está diretamente envolvido na construção de saberes e na formação cidadã de nossas crianças e jovens.  

As escolas públicas e as particulares

Aqui será necessário traçarmos algumas diferenças básicas na condução dessa integração das famílias com as escolas públicas e as particulares. Inicialmente em sua diferença mais marcante: o investimento.

Ainda que seja desejo comum de todos, além de ser também uma obrigação, entregar às nossas crianças e jovens uma boa educação (entendida de forma ampla), fato é que as famílias que por algum motivo optam pelas escolas particulares assumem um papel inicial de investidor, quando custeiam os estudos.

Para estes casos, existe de forma natural uma escolha do modelo que mais se aproxime de suas expectativas, ou seja, já há uma aproximação natural vinda do perfil de escola que se deseja entregar às crianças. Este pode ser um facilitador das relações, já que há previamente um encontro de ideias.

Para cada perfil de família há um modelo de escola que atenda seus anseios e objetivos, desde aqueles mais tradicionais até aqueles mais inovadores e com propostas mais flexíveis. Estes perfis também podem ter outras variantes como estruturas religiosas, filosóficas, pedagógicas, entre outros. 

Há também as escolhas menos criteriosas que passam única e exclusivamente pelas questões financeiras. Não é raro que a escolha seja feita a partir do valor das mensalidades e as possibilidades das famílias em honrá-las. 

Mas efetivamente, a aproximação entre a escola e as famílias será importante a partir destes critérios que as diferenciam? Ou há mais alguma coisa que deva ser analisada?    

Novos tempos, novas crianças

Há algum tempo estamos vivendo a realidade das comunicações ultra rápidas. Nossas crianças e jovens estão conectados à forma mais eficaz de disseminação de informações de toda espécie (as ótimas, as boas, as inúteis, as ruins e as péssimas). Isso altera consideravelmente a condução da construção das aprendizagens, tanto para escolas quanto para as famílias.

Isso sem falar das questões comportamentais e de convivência. Estímulos de toda espécie são lançados a acessados pelos estudantes numa verdadeira enxurrada, transformando seus desejos, alterando seus vocabulários, desvelando temas que se aproximem de seus interesses, e também outros que podem ser demasiadamente antecipados.

E quem está preparado para isso, as famílias ou as escolas?  

Comunicação e transparência

Diante desse universo de inovações tecnológicas, aqui estamos todos em busca de uma educação melhor para todos, sejam as escolas que buscam oferecê-la, ou as famílias que buscam entregá-la às suas crianças. 

Quem sabe não seja tempo de ampliar as paredes e muros de nossas escolas também para que as famílias a conheçam mais de perto e também sejam conhecidas. Neste ponto, não importa se pública ou privada, nem o perfil pedagógico escolhido ou adotado.

É preciso que todos os interessados estreitem seu relacionamento para que haja um aumento da compreensão entre eles. Ainda que isso possa parecer difícil, pode ser muito proveitoso. Tanto a escola conhecer as realidades individuais de cada família quanto estas também conhecerem de perto a escola. E por que isso? 

Porque para respeitarmos individualidade da criança é preciso conhecê-la de forma integral. Se desejamos formá-las em conhecimento, humanidade e cidadania é preciso também reconhecê-las como um todo. 

Por outro lado, se as famílias também compartilham desse desejo, é legítimo e justo que tenham acesso às escolas de forma fácil e descomplicada, não apenas para apresentar suas queixas, mas muitas vezes para serem orientadas sobre as intencionalidades das ações, que na maior parte das vezes não é conhecida. 

Transparência e boa comunicação podem ser um diferencial nas relações. Conhecendo as realidades uns dos outros é mais fácil fazer com que os objetivos sejam alcançados.   

Encontro de objetivos

Pois muito bem, se chegamos à conclusão que o objetivo de todos, escolas e familiares é proporcionar uma educação de qualidade para as gerações futuras, sejam escolas públicas ou particulares, sejam as famílias mais carentes ou abastadas, sejam de qual modelo for, então chegamos também à óbvia conclusão de que sim, há de existir uma relação boa e próxima entre todos os envolvidos neste processo. 

Na mesma proporção de importância em ampliarmos as paredes e muros de nossas escolas em favor de um melhor aproveitamento das infâncias, quem sabe não seja tempo de dar também mais transparência e comunicação de nossas escolas às famílias, para que, conhecendo melhor sobre nossas intencionalidades, estimulem seus interesses em nossas questões técnicas e se unam todos em torno do objetivo comum, de oferecer uma educação de qualidade.

Afinal, a educação se faz no plural, não é?

Imagens retiradas da internet*