Nós que nos entregamos ao mundo da educação precisamos saber, ao menos um pouco, sobre esta figura emblemática que deixou um legado extremamente importante para o pensamento sobre a infância.

Nascido em 1920 na comuna de “Omegna”, na Itália. Gianni Rodari foi um educador, escritor e jornalista dedicado a um novo conceito de infância, que acabou por nortear suas mais importantes obras literárias.

Um pouco de sua história

Nascido em uma família de situação econômica não muito favorável, passou parte de sua infância sob os cuidados de uma “ama”, enquanto seus pais se dedicavam ao trabalho duro na produção de pães.

Aos 9 anos, com a morte do pai, passou a viver com uma tia, sem jamais abandonar seus estudos. Frequentou até os 14 anos o seminário de “San Pedro Mártir”, formando-se em Magistério anos depois, o que lhe conferia a possibilidade de ministrar aulas particulares.

A partir da instalação da Segunda Guerra Mundial e de seus interesses políticos, somado à sua excelente qualidade de escrita, passou a se dedicar às atividades jornalísticas dirigindo o jornal “L`Ordine Nuovo de Vasere”. Esta aproximação com o povo e suas realidades foi marcante na construção de sua obra.

Aproximou-se também da literatura, assinando suas publicações com o pseudônimo de “Francesco Aricocchi”.

A escrita para as crianças

Uma necessidade profissional o conduziu, de forma despretensiosa, à escrita para a infância. O jornal onde trabalhava precisava de uma coluna aos domingos para o público infantil. Desta vez assinando como “Lino Picco”, Rodari entregava contos ligados à poesia popular com muito bom humor. O sucesso se espalhou também entre o público mais adulto.

Deste movimento, nascem seus dois primeiros livros para a infância: O livro das Ladainhas e As aventuras de Cipollino. Sua carreira se consolida quando passa a compor o cast de escritores da Editora Einaudi. 

O retorno à pedagogia

Ainda que jamais tenha abandonado definitivamente suas funções de jornalista e de escritor para a infância, em 1960 passa a se dedicar às visitas às escolas da Itália para aproximar-se ainda mais do universo infantil. Este movimento o leva a uma de suas mais importantes escritas: “A Gramática da Fantasia”.

A tese central da obra está na reflexão sobre a quebra do paradigma binário. A linguagem e a realidade podem e devem ser surpreendidas pela modificação inesperada da criação. Desta forma, a criança deixa de ser passiva e passa a atuar, também, como criadora.

Desta forma, ela se toma de uma nova realidade que pode transformar sua forma de interagir com o mundo à sua volta e, por consequência, produzir uma infinidade de outras possibilidades que se afastam das conclusões lógicas e previsíveis.

Em suas próprias palavras, ele resume:

“…não é nem uma teoria da imaginação infantil, nem uma coleção de receitas, uns “sabores” das histórias, mas sim, creio, uma proposta para pôr junto a outras tantas que tendem a enriquecer de estímulos o ambiente (casa ou escola) no qual a criança cresce. A mente é uma. Sua criatividade deve ser cultivada em todas as direções”. (Gramática da Fantasia).

A aproximação com Loris Malaguzzi

Dentre aquelas visitas às escolas que mencionamos aconteceu o encontro de Rodari com Reggio Emilia. O evento denominado  Encontros com a Fantasia e sua parceria com Malaguzzi foram desencadeadores da escrita de sua principal obra, inclusive para o nome: A Gramática da Fantasia.

Sua intensidade e reflexões eram de tal forma vibrantes, que passou a ser referência e fonte de inspiração para as escolas de Reggio Emilia

Principais obras

Além do já mencionado “A Gramática da Fantasia”, Rodari nos deixou obras como: “Histórias para Brincar”, “Os anões de Mântua”, “Fábulas por Telefone”, “O livro dos Porquês”, Ëra Duas Vezes o Barão Lamberto”, “Um Bolo no Céu”, “A Guerra dos Sinos”, entre outros.

Quem foi, quem é

Gianni Rodari faleceu ainda jovem, no ano de 1980. A importância de seus pensamentos, suas reflexões e questionamentos, que nos provocam a repensar nossas respostas binárias ainda estão muito atuais e vivos entre nós.

Há muito o que ser estudado e aprofundado em sua obra. Quem sabe não seja o caso de repensarmos o título deste artigo, já que o autor vive enquanto viver sua obra. A força que ele imprimiu na fantasia e na criatividade da criança que ele conheceu em seu tempo, se renova a cada nova criança de hoje.

Isso não permite que ele tenha morrido. Então vamos lá: retorne ao início deste artigo e o releia com o título:

QUEM É GIANNI RODARI!

*Imagens retiradas de sites de pesquisa no Google