Você que é nosso leitor ou leitora com alguma assiduidade, sabe o quanto nos dedicamos a alguns temas ao longo do ano. Dentre tantos, os diários (de qualquer modalidade), as viagens, as ferramentas importantes para as aprendizagens e muitos assuntos ligados direta e indiretamente à educação.

Observe o título deste artigo. Ele traz consigo um conjunto de palavras que individualmente são representantes destes temas que consideramos relevantes. Mas entrelaçadas, podem apontar para outra alternativa. Vamos pensar sobre os diários de viagem? 

“Minhas férias”, o registro

Quem não se recorda do retorno às aulas, vindos das férias de verão ou inverno, sermos motivados na construção de uma redação com este tema: “Minhas férias”. Esta é uma das mais clássicas maneiras de ofertar a escrita, o registro de memórias, a grafia, a Língua Portuguesa, a caligrafia, e as demais intencionalidades incluídas na produção textual. Há quem ame a proposta e há quem odeie…

Mas há também outras formas de registro destes momentos que podem ser utilizados pelos educadores: fotografias, desenhos, aquarelas, coleção de objetos, etc. Qualquer forma de retomada da memória e das sensações é válida.

Frequentemente, esta prática permeia os pensamentos dos educadores imediatamente ou o mais perto possível do retorno dos períodos de descanso ou viagens. Entretanto, queremos propor uma ideia, que pode contribuir para um melhor aproveitamento dela, o que acha?

Antecipe com as crianças

Em geral, quando trazemos esta prática para as crianças, o fazemos quando do retorno das férias. E está tudo bem. Mas o quanto seria proveitoso para eles e para incremento dos registros de suas memórias, se a produção de um diário de viagem (ou um diário de férias) fosse sugerida?

Podemos contar com a ajuda dos familiares. Aliás, a prática de produzir diários de viagem é recomendada para eles também. Ajudar e orientar as crianças na coleta e registro de suas memórias de viagem pode ser, inclusive, muito divertida e uma forma de interação direta entre todos.

Tratar do assunto antes do início das férias pode ser um diferencial muito grande na melhora das produções posteriores, porque aumentamos as possibilidades de resgate das vivências e experiências das férias. 

Sabemos que na maioria dos casos, a volta às aulas para um novo ano letivo implica na troca de professores, e mesmo assim, acreditamos que seja uma boa ideia sugerir a confecção do diário de férias. A professora do próximo ano agradece, afinal, se trata de colaborar na construção dos saberes deles, correto? 

Faça você também seu diário de viagem

Definitivamente, os diários de viagem não são importantes apenas para as crianças e na forma com que mencionamos acima. É muito comum passarmos por alguns cenários maravilhosos, por experiências incríveis, por emoções únicas e com o passar do tempo, as perdermos em nossas memórias sobrecarregadas de afazeres cotidianos.

Os diários de viagem, para nós educadores, pode representar muito mais do que simples registros de nossas viagens. Eles podem nos levar, quando os retomamos, para outros tempos, nos devolvendo as sensações eventualmente esquecidas. 

Reviver os diários de viagem é um refresco para nosso dia-a-dia. Podemos relembrar os momentos, reencontrar nossos prazeres, e nos abraçar com nossos sentimentos e nossas sensações de bem estar. É como um “déjà-vu” construído por nossas próprias mãos.

Como fazer um diário de viagem?

Não há uma fórmula específica para isso. Cada um tem suas preferências nas formas de registrar. O que consideramos importante é que não estejamos limitados à simples fotografia, hoje muito facilitada por nossos aparelhos celulares.

O ideal é que não se resuma a um amontoado de fotos, que possivelmente acabem se perdendo entre as tantas outras que armazenamos em nossas mídias físicas ou nas nuvens. 

Anotar suas impressões sobre as coisas, os lugares, as pessoas com quem você interagir, suas percepções visuais sobre as paisagens, os aromas, as texturas e os sons que estiverem à sua disposição. Anote tudo aquilo que desperta encantamento, curiosidade e espanto.

Compreender a importância do registro e encontrar uma forma de possibilitar sua consulta posterior é o que realmente importa. Um caderno e uma caneta sempre à mão pode ser o suficiente, desde que você se sinta livre para suas anotações. O leitor de seu diário é você mesma.  

Se puder ou se quiser, enriqueça seu diário com objetos locais, transcrições de conversas, tickets de ingresso dos lugares onde visitar, guardanapos de restaurantes, rótulo de uma bebida e tudo o que considerar relevante. Sempre acompanhado de suas próprias sensações.

Muito mais importante do que a forma com que você vai construir seu diário de viagem, é o exercício de sua liberdade de registrar e muito especialmente a possibilidade de localizar dentro de si, muito tempo depois, aquilo que pode ter sido o melhor momento de suas vidas, porque não sabemos quando eles podem acontecer.

Assim, não passamos pelas nossas vidas apenas imaginando que “o melhor está por vir”, mas poderemos olhar para nosso passado e ter a certeza dos “muito melhores” que já vivemos. 

Bora experimentar?